sexta-feira, 12 de agosto de 2016

ASSOMBREADO

Quão pequenino és, minguado homem
Olha para a tua altura, para os galhos que te cobrem
e lançam treva por quaisquer lados que se vê
Sente sob os pés a extensão de nossas terras
a buscar a estafa de teu ânimo
Pobre homem pequenino,
Tua vontade, apenas ela nós enxergamos;
Apenas, mirrado homem,
teu silêncio nos encobre
e nos move a dizer-te em dados dias
em que consegues nos arfar,
que as sombras que te cobrem a cabeça estão mais enegrecidas.




sábado, 6 de agosto de 2016

SÁBADOS

Raros sentem sábados
intocáveis, belos, longes,
como quadros conhecidos
só por livros, nunca vistos,
escondidos, feito monges,
intangíveis, santos...
Raros sentem sábados
e bem o fazem os que não;
Os que olvidam - esses sábios -
e não se perdem na saudade
presa em vãos,
entre Sextas de perfumes esperançosas e
domingos, que parados, conformados
com o fim que não é fim,
chamam pós-saudades das vontades
de uma véspera não sabida,
que não foi boa
não foi também ruim
Raros sentem
e os que sentem, talvez não sentem
e os que não, quem sabe o sentem
O certo é que quando sentem
perdem tempo, perdem também o sábado

MAKOVSKY, K. Summer Afternoon.





quinta-feira, 4 de agosto de 2016

Horizontais nº 1.

Hei de eternamente cair em espanto para com minhas inclinações, como se em mim as tivessem no teor de um simulacro doutros que não sei. Não do que vi, não do que faz comigo par, elas empuxam em minha fala quando quero, quando digo, apenas compromissos que não trazem senão os solecismos para tudo. — Há problemas porque quero, não: “Há problemas, porque quero”! Meu querer põe a forma da estranheza mas não me põe em sua companhia, nem em forma, mesmo sendo eu a porta desta curiosa impostura.