Sobre
nós: que há? Quanto mistério existe
na pergunta disso? Quanto mistério queremos
na pergunta disso? Por que de criarmos tantos meios e degraus nas e para as
almas rasas que possuímos? Não há, convenhamos, mistério algum! E que de tanta
simplicidade o enjoo rapidamente se desdobre, não o nego; no entanto não deveríamos,
por isso apenas, termos tido o dislate de nos ouvirmos em ecos e acharmos serem
estes nossas vozes. Ora, se olhássemos com atenção e sobriedade para com o que
temos do que temos, diríamos, tão simples e calmamente: “é isto, apenas”. Se
não o fazemos é porque o embrulho é-se útil para muitos. Pois que há demasiado
mau-caratismo usado nos dizeres que autoclamam desconhecimento de si mesmo. São
farsescos, que à hora das cortinas baixas a errância em duplicata de tais tolos
ao ato púnico e à posterior súbita ignorância do próprio movimento os devorará
na frente daquele que os vê com desânimo se afogarem em tantas pequenezas.
quinta-feira, 17 de novembro de 2016
sexta-feira, 12 de agosto de 2016
ASSOMBREADO
Quão pequenino és,
minguado homem
Olha para a tua altura, para os galhos que te cobrem
e lançam treva por quaisquer lados que se vê
Sente sob os pés a extensão de nossas terras
a buscar a estafa de teu ânimo
Pobre homem pequenino,
Tua vontade, apenas ela nós enxergamos;
Apenas, mirrado homem,
teu silêncio nos encobre
e nos move a dizer-te em dados dias
em que consegues nos arfar,
que as sombras que te cobrem a cabeça estão mais enegrecidas.
Olha para a tua altura, para os galhos que te cobrem
e lançam treva por quaisquer lados que se vê
Sente sob os pés a extensão de nossas terras
a buscar a estafa de teu ânimo
Pobre homem pequenino,
Tua vontade, apenas ela nós enxergamos;
Apenas, mirrado homem,
teu silêncio nos encobre
e nos move a dizer-te em dados dias
em que consegues nos arfar,
que as sombras que te cobrem a cabeça estão mais enegrecidas.
sábado, 6 de agosto de 2016
SÁBADOS
Raros sentem sábados
intocáveis, belos, longes,
como quadros conhecidos
só por livros, nunca vistos,
escondidos, feito monges,
intangíveis, santos...
Raros sentem sábados
e bem o fazem os que não;
Os que olvidam - esses sábios -
e não se perdem na saudade
presa em vãos,
entre Sextas de perfumes esperançosas e
domingos, que parados, conformados
com o fim que não é fim,
chamam pós-saudades das vontades
de uma véspera não sabida,
que não foi boa
não foi também ruim
Raros sentem
e os que sentem, talvez não sentem
e os que não, quem sabe o sentem
O certo é que quando sentem
perdem tempo, perdem também o sábado
intocáveis, belos, longes,
como quadros conhecidos
só por livros, nunca vistos,
escondidos, feito monges,
intangíveis, santos...
Raros sentem sábados
e bem o fazem os que não;
Os que olvidam - esses sábios -
e não se perdem na saudade
presa em vãos,
entre Sextas de perfumes esperançosas e
domingos, que parados, conformados
com o fim que não é fim,
chamam pós-saudades das vontades
de uma véspera não sabida,
que não foi boa
não foi também ruim
Raros sentem
e os que sentem, talvez não sentem
e os que não, quem sabe o sentem
O certo é que quando sentem
perdem tempo, perdem também o sábado
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MAKOVSKY, K. Summer Afternoon. |
quinta-feira, 4 de agosto de 2016
Horizontais nº 1.
Hei de eternamente cair em espanto para com
minhas inclinações, como se em mim as tivessem no teor de um simulacro doutros
que não sei. Não do que vi, não do que faz comigo par, elas empuxam em minha
fala quando quero, quando digo,
apenas compromissos que não trazem senão os solecismos para tudo. — Há problemas
porque quero, não: “Há problemas, porque quero”!
Meu querer põe a forma da estranheza mas não me põe em sua companhia, nem em
forma, mesmo sendo eu a porta desta curiosa impostura.
sexta-feira, 29 de julho de 2016
VARAIS
Crer o belo vir das coisas,
delas presas
em varais de telas, a secá-las o Tempo
a dourá-las as Formas;
Do mundo,
pôr-se à beleza
é descobrir a dor exterior;
E do que pensa ser a fonte,
não se a tem sem tomar-se
por culpado de tristeza
todo o tempo em que nela se detém.
delas presas
em varais de telas, a secá-las o Tempo
a dourá-las as Formas;
Do mundo,
pôr-se à beleza
é descobrir a dor exterior;
E do que pensa ser a fonte,
não se a tem sem tomar-se
por culpado de tristeza
todo o tempo em que nela se detém.
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